(...) da ashfixia à serotonina

sexta-feira, setembro 30, 2005

53º

52º

Statione qui nasci

Calente Octobre
Autumnu instabile
Salutatione cum vinu
Amore longinquu
Ante hoc
...

quarta-feira, setembro 28, 2005

51º



















Imagem em: http://www.nowik.com

50º

Vou ao Pólo Morte.

49º

Ontem tropecei em ti e soltei-me depressa
Desprendi-me do âmnio
Salvei uma lágrima.

Observo o cair das gotas de ar na atmosfera
Vou embrulhar-me nas nuvens, sorver o orvalho
Vou despir-me no céu da manhã
Fico contente
Fico estupidamente contente
Descontento-me depois pouco a pouco
Com vagar...
Descontento-me até sentir arrepios de raiva
Grito para mim apenas
Arranho e sovo pele como se matasse
Sacio a dor e as garras
Sacudo os ácaros

Que aborrecido seria ficar neste hemisfério!

sábado, setembro 24, 2005

48º

47º

Macho oculto
Demónio meu
uivar
uivar
uivar
Espectro obscuro
Riso teu
sufocar
sufocar
sufocar
Morte com dor

Fim

(Tradução do post anterior)

sexta-feira, setembro 23, 2005

46º

Masculu occultu
Daemoniu meu
ululare
ululare
ululare
Spectru obscuru
Risu tuu
suffocare
suffocare
suffocare
Morte cum dolore

Fine

45º

44º

Entre ontem e hoje existe um espectro
(no espelho há vestígios de pele)
Pérola nua sem crosta, sem néctar
Rosto macilento de defunto
Réptil que circunda.
Hum... Carne fresca desacautelada
Não esperas o ataque
A fúria e o lento esvaecer
é um cair de rastos?
Oh Fera amiga!
Segue-se a arvorada. O soltar de âncoras
Entre ontem e hoje aspiraste em vão.
É névoa in utero (e afecto finado).

43º

Esta semana vou até um ilhéu qualquer
algures entre a nuvem e o raio de sol
no meio do relâmpago e por detrás do trovão
Vou até à ilha mãe
virgem desflorada por pés descalços
maquilhagem terra
Vou deitar-me na ria
ali fico a espreitar os girinos, as pedras
Fico tenra pois amoleço no lodaçal
Que vertigem!
Não há nada que não arrepie cá no pântano
É tremendo o mutismo que prevalece...

42º

41º

Venho aqui esclarecer que a Alice é a Carina, a Cátia Vanessa, a Rita, a Joana, a Inês, etc.
Ou seja, a Alice é a pita (muita maluca) que existe em muitas pitas deste Portugal.
Deste modo informo que a Alice é uma personagem fictícia criada por mim.
Porquê?!
Porque é saudável atrofiar de quando em quando.

Com os melhores cumprimentos,

Raquel A.

40º

Por lapso esqueci-me de referir que a Alice gosta muito da Benedita Pereira dos Morangos com Açúcar.
O meu humilde perdão.

Bjokas

quinta-feira, setembro 22, 2005

39º













Era uma vez uma criança muito bonita.
A criança era do sexo feminino e tinha por nome Alice.
Um belo dia a avó da Alice morreu. Então, todos choraram muito.
O pai, a mãe, a Alice, o irmão, o tio, a tia, a prima, o primo, a vizinha, o gato e o periquito foram ao funeral da avó da Alice.
A avó da Alice chamava-se Maria Alice.
A dona Maria Alice era uma senhora de idade. Ela tinha cerca de oitenta e sete anos aquando da data do falecimento.
O pai e a mãe da Alice gostam muito da Alice e do irmão da Alice que se chama Emanuel.
O Emanuel é recruta e gosta muito de prestar serviço militar.
A Alice gosta mais de brincar com os amigos à apanhada, de ver os Morangos com Açúcar e de ouvir a música de Eminem.
Quando for grande a Alice quer ser como a Britney Spears e ter um marido como o Kevin.
Ainda assim, a Alice gostaria de dar uns beijinhos fofos ao Eminem porque ele é bué rebelde e bué cool!
Daqui a uns anos a Alice irá à televisão participar num reality show e vovês depois poderão conhecê-la melhor.

Bjos kiduxos e um abaxao a tdos :) ;) :P ***

38º

Que esférica! Expludo
Esférica de sphairichós, para que saibamos.
A sala ultravioleta em que me encontro
Fluorescência de fluorescere, para que saibamos.

Ficamos todos em branco algum tempo
até brotarem unhas das paredes.
Somos todos germes fétidos.
Ou mentimos?
Era um outlier! Eh eh eh! Esse grande malvado.
O valor errático que existe em ti e nos outros.
Em mim?! Não. Nunca.
Sou germe necrófago e não fumador.
(Em memória de um grande primo)
Que bem sabes...

Fiquei só com o seu cadáver malcheiroso.
Ai... (suspiro)
Tu eras a minha carne.
Amiga (pobre) fera decomposta!

quarta-feira, setembro 21, 2005

37º

Imagem em: http://elfwood.lysator.liu.se

36º

Somos música
Pauta inquieta
Semínima e colcheia

Somos dança
Pés e mãos
Ritmos desenfreados

Somos gente
Ossos, carne e pele
Corpos em diálogo

Somos aves
De penas caídas
De olhos despidos

35º

34º

É uma quarta-feira maldita
Abomináveis gnomos em desassossego...
Rimo-nos sarcasticamente
Os animais fantásticos brincam na minha pele.
Estou deslocada e sombria. Nada do que me rodeia coaduna comigo
Nada do que encontro se parece com o meu reflexo.
Irreflectidamente deixo-me amainar
Deixo que a concórdia se estabeleça e termino.

Construí um túmulo de espinhos.

33º

32º

"Bom dia" - Dizem eles.
Eu nem posso responder.
Dentro de mim existe uma pequena grande guerra.
Contorço-me muito. Vivo o martírio.
Sou a minha ruína.

terça-feira, setembro 20, 2005

31º

sexta-feira, setembro 16, 2005

30º

Nova visita (à dor que prezo)

Uma fera espreita-me em surdina. Ela é uma massa que se move e se estende pelo tapete que sou.
Sim... Os seus olhos percorrem-me pacientemente.
Prevejo dentes aguçados.
Ela cheira-me. Suga o meu aroma e o meu néctar. Sobe por mim. Dos meus pés à ponta dos cabelos.
A fera quer ver-me ganir. Quer o meu grito e o meu suspiro.
De novo e como nunca Sinto-o. É macho.
Teso, esticado na minha direcção. O animal quer-se quente.
Quer sentir-se morno na minha humidade.
Ele aponta-mo hirto.
Os seus desejos serão cumpridos. Ver-me-á prová-lo de novo...
O seu desejo é espetar-me.
Dou-me a ele. Deixo-o degustar-me entreaberta.
Não poderia vencer tal luta. Sou a gata quebrada por ele Tigre.
O Tigre comanda a lâmina. Afia-se em mim descarnada.
Entra e rasga-me os vasos. Trespassa-me veloz e parte.
Ataca-me o ânus em chamas. Incendeia, explode e expele. Escorre lava. Queima pele. Ateaste-me e agora apagas-me.
Soltas o meu corpo desfeito nas tuas garras. O meu pescoço espelha a tua ira.
Fico pintada de suor e sangue.
Conduzi-me uma vez mais até ao covil do monstro.

Fui eu gata.

29º

28º

Oferenda venérea

Num ritual de verão embebeste-me em seiva
corremos de mãos soltas
Desfloráramos cada pedra, cada planta
sustentáramos suspiros
Depois
cegámos os poros em sémen
trincámos o seio à virgem
emudecemos um orgasmo
Foi o deleite prodígio

27º

Caem flocos
Esvoaçam
Sopra a brisa
Sentimo-la
Rasgam aves
Ouvimo-las
Cortes ferozes
Uivam

Tudo em surdina

quarta-feira, setembro 14, 2005

26º

Aconselho uma visita: http://ivar.pt.vu/

25º



















Imagem em: http://www.chrisis.org

terça-feira, setembro 13, 2005

24º

Olá de novo amiga Fera.
Saúdo as tuas lâminas.

Como tenho saudades de Te ter!
Como espero que entres em mim e lá permaneças...
São só mais 24 horas.
Talvez possamos unir carnes de novo.
(Em breve soltaremos as amarras.)
As feras poderão comungar...
A morte virá pelas suas bocas.
Sabes que Tu e eu somos um só Animal.
(A besta disforme que somos...)
Vem provar a imundície, o sangue em coágulos.
Vem comer os restos deste cadáver estéril.
Vem porque sou o animal que implora.
Sou quem dominas e quem devoras.
Tu és o Tutor que me algema e açoita.
Que me amordaça e atiça.
Sabes agora quem És?
Não És mais senão Eu para lá de mim.

Tu és o pesadelo com que sonhei a noite passada.

23º

22º

Hoje é uma terça-feira como tantas outras. Trabalho, treino no ginásio... Uma rotina.
Lembro-me de ser criança e de odiar a vida adulta.
Eram sentimentos ambivalentes os meus.
Amor e ódio...
A rotina é talvez o que se pode chamar um "mal necessário".
Continuo a sentir a mesma animosidade pelas obrigações, pelas horas marcadas...
Enfim... Amo a diferença!
Guardo assim pérolas de tempo para me embriagar de devaneios.
Pérolas de tempo que cuido e defendo.
Gosto de estar a sós comigo mesma.
Amo mesmo muito esta partilha egocêntrica.

segunda-feira, setembro 12, 2005

21º

Aconselho a visita: http://www.art-photographie-capl.de

20º



















Imagem em: http://www.olgasinclair.com

19º
















Hoje venho falar-vos do apelo dos sentidos pela minha óptica e pelo meu próprio sentir.

Tudo se passa muito depressa. O tempo é quase imperceptível.

Ei-lo! (A fera macho)
Sinto-lhe o calor das veias e a humidade da pele. Sinto o seu pulsar e o arregalar de dentes.
Sinto-o escondido.
Mostra-se perante mim junto de todos os outros.
No entanto, só eu consigo ver-lhe os ossos, as veias, o pulsar do sexo.
A sua carne pede-lhe mais do que ele pode/deve ter.
Pede-lhe roubo, estupro. Pede-lhe o uso da força, o poder da dominação.
Enquanto tudo se passa assim eu sinto e tremo.
Começo pelo turpor, pela agonia. Segue-se o querer.
O temor faz-me humedecer.
A minha humidade agoniza-me!
Sinto também sede e fome...
Sede de humidade alheia, fome do sexo que me é oferecido em segredo.
Não existe nada que seja nosso. Não existe sequer a cumplicidade das relações casuais!
Existe antes a fome, a sede, o apelo dos sentidos e o rosnar dos sexos.
Palavras que trocamos sem significado. Palavras ocas para justificar o magnetismo que nos prende e apavora.
A vontade dos corpos comanda-nos.
O instinto animal atiça as feras que somos.
Lançamo-nos então na cálida descoberta de nós mesmos.
Tu, Tigre.
Eu sou a fera que não podes conhecer de uma só vez.
Fica-te a marca das garras, das mandíbulas assanhadas.
Marco-te com os sentidos.
O teu corpo torna-se escravo dos instintos.
Pensarias talvez que a dominação é algo que podes controlar.
Pois bem!... Aí pecaste.
Serás consumido pelo fogo que ateaste.
Serás uma das minhas labaredas.
Desta vez serão os teus fantasmas a possuir-te. A trazer-te recordações de mim.
Sentirás nas tuas insónias o calor da minha pele, o cheiro envolvente, o pulsar das minhas veias e do meu ventre.
Sentir-me-ás sem poder evitá-lo.
É o preço que escolhes pagar pela secreta comunhão.

sexta-feira, setembro 09, 2005

18º



















Imagem em: http://www.calresco.org/ewp/full/amor.jpg

O amor.
Vou falar de amor.
Alguém explica o que é o amor?
Alguém ousa explicar?
Pois eu direi que o amor é o amor.
Tal como o garfo é garfo. Tal como etc e tal.
O amor nasce, cresce, vive e morre?
O amor come e mata a fome?
Não! Não faz isso.
Nem digo o que faz.
Porquê?
Porque não sei nem julgo que sei!
Ninguém deveria dizer que sabe.
Top Secret.
O amor é um segredo esventrado.
Um segredo mal parido.
A puta que larga o gemido (só pra rimar).
O amor é e deveria ser sempre algo do tipo...
Reticências. Isso mesmo.
O amor é um não ser.
E pronto!

17º

16º

Cristina era uma menina.
Até que um belo dia...

Cristina queria ser uma couve.
A fada merdinha de Cristina achou que ela precisava de ir para um sanatório.
Porém, Cristina pensou que sanatório fosse sanitário.
A menina Cristina ficou à espera.
Esperou muito.
Um dia, no sanitário de Cristina as verduras começaram a nascer.
Cresceu uma couve lombarda, uma couve roxa, um repolho, uma alface, um nabo...
Cresceram muitas verduras: machos e fêmeas, legumes e leguminosas.
Então, Cristina (a pobre menina) começou a morrer.
Morria de dia para dia.
Ia morrendo mais e mais.

(Um cágado pisou ao de leve um pé de flor.)

O autoclismo disparou!
Fez-se ruído!
Cristina (a couve-menina) despertou.

(A vida era uma horta mal regada.)

Hoje a vida de Cristina é um Abril.
São mil àguas que regam as veias de couve-menina.
São as boas mágoas de Cristina.

15º

14º

Hoje é um dia daqueles.
Cinzento, chuvoso e ventoso.
É um dia antipático e birrento.
Eu cercada de lâmpadas fluorescentes.
Eu cercada de vozes ríspidas.
Num dia assim fico apenas em mim.
Não me permito descolar asas.

Snifo o hálito húmido da chuva e fico prostrada.
A calma e a apatia tornam-se sãs.
Agrafo um cobertor à minha pele.
Deixo-me cair e pairar na secura outonal.

Hoje é um dia daqueles.
Como este virão muitos outros.

quinta-feira, setembro 08, 2005

13º

12º

Mãe porque mataste o pai?
Porquê Mãe?
Mãe porque és suja e negra?
Porquê Mãe?
Mãe tu és feia e peluda!
Mas porquê mãe?
Mázona!
Tu és mais que má!
Tu és mázona e suja e feia e também peluda.
Comeste o pai ao jantar!
Um dia... Bem, talvez te perdoe.
Talvez te perdoe aqueles rabanetes salgados...
Talvez desculpe os caldos de couve.
Mas o pai... O pai nunca perdoaria o teu bacalhau com batatas!
Foste a cozinheira mais mal temperada de sempre.
Não temperaste o pai.
Comeste-o cru.
Duas... Bastavam duas... Duas pedrinhas de sal!
E tu... Tu nem isso!
Comeste-o assim!
Somente os pelitos das nalgas de sobra.
As bordas da travessa decoradas com dentes amarelos.
Ai Mãe!... (Suspiro)
Agora sim!
Agora cagas desenfreadamente.
Cagas o pai e cagas na gente.
Caguemos então em paz Mãe.
Amén!

11º

10º

Aconselho a visita: http://www.serengetigenesis.org/.

quarta-feira, setembro 07, 2005

A Gula come-me toda e eu como-a a Ela também.
Deleito-me perante o corpo celestial de uma maçã, exploro com a língua os contornos flamejantes de uma pequena e suculenta cereja, sugo com os olhos os dedos que cobres de espuma e chocolate.
Mastigo com um gosto que já é quase tara!
Rasgo pedaços de sabor e embrenho neles os meus dentes ávidos de sentir tudo.
Ah! É extase que sinto quando me enlaço nos confins do pecado!
Gula que não temo por cada goluseima que me dás.
Tu! Tu arrastas-me pelas tuas goelas e consomes o meu corpo quente de natas.
Vou deixar-te salivar de mim e para mim.
A Gula que amo e que também desfloro...

sábado, setembro 03, 2005

Eis-me.
Eis-me aqui presente de novo perante minhas amigas reticências.
Que aterradoras amigas estas que fazem com que me perca na névoa...
Escrever para mim o que é afinal?
Talvez um rito egocêntrico igual a tantos outros.
Mais uma forma do Eu e/com a minha pessoa
Escondo-me em mim para depois me revelar em pleno.
Descubro-me pelos sentidos e aprendo que sou duas.
Sou Eu e a minha pessoa.
Por vezes estou em mim, outras vezes voo para lá dos meus horizontes.
Mas na verdade sinto que me encontro sempre no mundo dos Outros.
No mundo que é Deles e para Eles.
Eu estou para além Deles e, por vezes, até para lá de mim.
Estou algures apenas em reticências.