(...) da ashfixia à serotonina
quinta-feira, março 30, 2006
253º
Templos de Alterne
Um Deus, um sanitário público.
Uma flor, um grito morto na mãe.
Uma criança, um feto a enfeitar o escombro.
O quarto de sonhos arruinado.
A casa nova que arde, o luto da viúva prenhe.
Um feto, uma flor no campanário.
Um sino que entoa a mágoa da cidade.
O quarto do menino castrado à nascença.
Um Deus...
Ouve-se o voo dos insectos, o aconchego das abelhas.
Sente-se o mel no colo das tias solteiras.
A vagina é o albergue do Deus patriarca.
O pai da cidade que lança a foice, que castra os jardins.
O pai, o tio e o avô que urinam o quarto.
A cama desfeita e a luz que se vai.
A flor que murcha no carburante paterno.
O Deus eleito no urinol dos meninos órfãos.
A mãe desmoronada...
A queda feliz do luto embebido em espermicida.
O teor dos leitos num bar.
O cuspo que lubrifica as estradas para um templo de alterne...
Por fim, a honra, o sémen que benze o pão de Deus.
A casa no terminal, o pai das hóstias.
(Uma flor, um grito calado à mãe)
251º
Deus-Pai e mãe fálica no Mundo Abortado
Ocasionalmente, mães vestidas pelas gravidezes consecutivas plantam bolbos, cuidam da jardinagem.
Pais tensos, inibidos, inseguros, cuidam dos óleos, carburantes, toxidades.
Filhos e filhas e primos e tios brincam com muitos risos sonoros, gestos bruscos, estridentes.
Famílias humanas acumuladas em montanhas de lixo vivo.
Abortos que choram a céu aberto...
Muitas crianças institucionalizadas à espera, anos e anos a fio, de famílias de sangue adoptivo.
Mães que embalam úteros partidos, placentas manchadas pelo ódio poluidor dos machos.
Há e houve sempre um mundo de pénis a sujar ruas e pessoas.
Há e houve na era piscícola toda a alma fálica, toda a história humana traçada pelo homem.
Um desenho antropomórfico do mundo que se pontua pela seiva seminal.
Deus não é também homem?
Ou o sexo é animal, ou o animal tem sopro divino?
Ocasionalmente, prenhes deslocam-se pelas correntes dos mares, dos ventos.
Semeia-se o embrião na terra enquanto se colhem vidas à fauna e à flora.
Quem disse um dia que o Homem é fauna?
Nunca.
O Homem nunca é fauna. O Homem é o mundo.
O mundo, meus amigos, é o preço do sangue do Homem que se espalha, é o preço do âmnio derretido nas vésperas de um apocalipse teatralizado.
O mundo está preso no sexo de Deus que se diz Pai.
A mãe está a um canto da sala, suja e desnutrida, com os braços repletos de cicatrizes.
Tal qual a árvore decepada, a mãe chora lágrimas de seiva pura, gotas grossas de amor perdido.
O mundo, meus amigos, está abortado pela raiz.
quarta-feira, março 29, 2006
249º
Objecto heteróclito
Na caixinha de surpresas escondo o teu riso mais antigo.
Escondo os teus gestos e expressões infames, os teus gostos abjectos.
Não percebemos os dois nada do que se passou.
Um dia, há muito tempo atrás, chegaste perto de mim e disseste que gostavas de mim tal como eu era.
Eu perguntei-me sempre o que quiseras afinal!
Poderia ser uma busca de identidade, uma descoberta de ti através de mim.
Na caixinha de surpresas nunca pude guardar um pouco de néctar teu porque não o tinhas.
Foste o primeiro objecto heteróclito que conheci.
Brincava contigo à noite, no sótão.
Pousei-te muitas vezes no parapeito da janela e tu ficaste lá a olhar-me ininterruptamente.
Nestas alturas conseguias ser plácido e talvez até virtuoso.
Talvez porque estavas de boca fechada, lábios cozidos a fio de pesca.
Armadilhei-te! Ou se calhar...
Se calhar caí eu numa armadilha absurda. Uma falha.
Despersonalizada, fui sendo barro quente, molhado.
Viste-me maleável. E, na volta, quando querias puxar o cordel para me mexer os membros, as caras...
Nessa altura eu era rocha cortante.
Bateste para tentar moldar, para produzir som.
Quando batias eu entranhava-me no fundo dos meus pés, na pele debaixo das unhas.
Mais tarde veio o maremoto...
Uma corrente veloz, um remoinho devorador.
Levou-te o tempo e o esquecimento. Levou-te de mim pela vontade dos anos.
Mais ainda, levou-te um segredo espalhado no inimigo.
Agora peço-te que me contes cada pormenor, cada milésimo de segundo passado à berma do inferno.
Elucida-me pois preciso de saber porque fiz o que fiz contigo.
Porque foste uma merda tão grande e asquerosa.
Um estúpido objecto heteróclito.
sábado, março 25, 2006
247º
O teu preço é de saldo
O coito, as coisas partidas.
O corpo, o templo partilhado.
O Deus, a chama que te ilude os pedidos.
Crês no vazio, como crês em ti todo.
Os dogmas, raízes afundadas no charco
poluído de falsos lirismos.
Há todo um desnível na realidade.
Crês no que querem que creias.
O Deus, a chama que te ofusca os medos.
O corpo, o vínculo que matas com biblicismo.
O coito, as coisas que partes na terra.
Crês no pó que te cobre, crês num todo vazio.
Os vícios, pecados que dobras em dois,
que partes de ti na mentira.
Há toda uma mãe atada pelo Deus que nomeias.
Crês no que pedem que creias.
245º
Oh! La Diva! La bella donna!
Solene para a passadeira, exigente nos gestos.
Inconsequente nos sonhos de cabaré.
Nunca só no leito, distante nos varandins adornados.
A Diva é astro de esplendor, tela guarnecida de luz.
Espalha desejo no passo firme, solta nos lábios melodias oníricas.
No peito a paixão maquilhada.
A Diva é uma receita nunca desvendada.
O segredo protege os anseios másculos, as coisas simples das vidas mundanas.
O segredo conduz o corpo cristalino, protege o eterno, o intocável.
Oh! La Diva! Qui dolce vita!
243º
Quadro nocturno de Primavera
Descobri a noite passada para além da velha ponte.
Espreitei estrelas cadentes nos olhos de ave mansa, perscrutante.
Aplaudo histórias contadas ao vento, na praia da tua pele feliz.
Aplaudo o nascer do dia no teu cabelo solto, no teu olhar liberto.
Mãos juntas, pequenas bolhas de sabão a dançar no caminho...
O vestido agarra-se-me à pele aquosa.
Tanto de mim para dar... Amor pequenino.
Uma mão no ventre à procura de fontes que não estancam.
Um olhar de seda que abraça o mundo.
Permaneces inesquecível no meu baú de alegrias.
Coleccionei-te num álbum de sóis.
E que há de ti na esquina do novo ano?
Talvez um transparente, ingénuo...
Bom-dia! Talvez...
Sim! É claro como a noite de Março.
terça-feira, março 21, 2006
239º
Cálice de sémen, Aroma embrionário
Passeio de mãos dadas um corpo andrógino, um bálsamo.
Leve acorde na brisa de mar, melífluos dedos fundidos na pauta.
O sorriso das ondas ampara o raiar do sol, o sereno alvor.
A canção pende nos lábios de sereia que se estende, se envolve no macho rochoso da praia invicta.
O lugar da falésia é a alma de espuma, o correio dos deuses.
Há aromas de paixão morna no areal.
Há fogueiras acesas para a festa do equinócio, vácuos de orgia cavados no segredo.
O embrião chora de mansinho na caixa de âmnio e açúcar.
Restam cabelos serpenteando nas algas marinhas.
Conchas de derme e leitos seminais.
segunda-feira, março 20, 2006
237º
Menina dos escombros - Insomnia I
Menina de neve por detrás do muro chora.
Cai a gota de si mesma na calçada imunda dos escarros, dos abortos, das putas podres.
O mundo chama pela menina por detrás dela.
O olho cego, roto da pequena ferida lacerada.
O olho vivo na despótica mãe que lhe bate, que lhe espanca os músculos tensos, as coxas gastas pelos anos de estupro.
Menina perdida numa cave, escondida numa despensa de lixo.
O mundo diz-lhe que se cale, que se acabe às mãos do crime.
O olho está cego pela faca que é mão carniceira.
A menina jaz no que lhe resta do corpo arrombado.
Constrangida, emendada, anulada.
Corrompida, afogada no seu lago de lágrimas quentes.
Incinerada no ventre estéril da mãe puta.
O mundo olhou para ela uma vez.
Depois, o que aconteceu?
Depois o mundo disse-lhe adeus.
E a luz apagou-se para sempre na menina.
E o âmnio soltou-a numa negra jazida.
domingo, março 19, 2006
236º
sexta-feira, março 17, 2006
234º
Vidua
Ostenta a carne pútrida dos dedos presos por aneis.
Mulher fria, mulher pedra...
O teu calor está pintado nos mosaicos lisos, brancos do hall.
Tez lívida, a punição sustida nos cantos dos lábios.
E o teu sorriso é de baton rouge, de carne e gelo triturado.
- O que vai ser?
- Um gim tónico, por favor...
Adia-se o momento da partida insana.
O riso histérico das gralhas, a morte viva nos comadrios...
E ela, seca víbora, possessa mas contida.
Ele, caveira lânguida, ainda jovem...
Mas, até quando?
A meteorologia anunciou precipitação ligeira, vento forte e céu nublado.
Um lábio comprime-se contra o outro...
Oh! Víbora amiga!
- O que me queres?
- De ti quero o néctar...
- Terás que te esforçar um pouco mais, querida cobra.
- Deixa-me senti-lo! Anda. Tira-o para mim.
- Para ti não há paladar. Esqueceste?
- Eu cumpri! Não tem o direito! Eu paguei...
- Ajoelha.
- Mas...
Solenitude.
A incorpórea presença dos acordes.
O mestre que limpa a sala pela primeira vez.
Chegaram risos novos ao alpendre. Aprendizes cobertas pela sua insensata novidade...
Há que cingir as mangas à pele de platina e passo a passo, descer a escadaria palaciana do pódio.
Enriquecer-se, lavando as mãos na supremacia do beijo.
Respirar fundo e...
Dar as boas vindas.
- Olá pérola...
quarta-feira, março 15, 2006
232º
O véu ou a verdade
Há um véu intenso de vapor de água no fim do túnel.
A visão que se alastra pelas pernas nuas das escarpas, a tremenda fortaleza do precipício, os braços amenos das grutas e os gritos possantes das aves.
Até onde abarca o olho, a pupila curiosa que se dilata?
Abarca o véu intenso de nuvens, o céu azul pálido e a linha prometedora do horizonte.
Aceita no colo as gotas cheias de terra e o toque dos insectos.
- Não!!!
O grito! A voz rebenta na garganta e o som expande-se na falésia.
Porém, a solidão é certa e profunda, o cume é inalcançável.
Armadura imensa de vapor e pedra...
- Porquê?
Não há aqui lugar para questões do humano, para a razão e tudo o que dela derive.
A rocha cala as esperas, os gritos e os silêncios.
Sobram as aves de rapina, os necrófagos famintos e as vozes naturais que chegam pelas ondas.
O mar canta dócil ao pôr-do-sol e grita os medos nas escarpas pela madrugada.
O sal come os pescadores que se aventuram, devora os tempos apressados das vidas simples.
Não há aqui rancor, apenas vísceras e imundície.
Mas, por detrás do véu intenso de vapor de água, há um tom róseo, um afago maternal.
Para lá das rochas, pelo mar de espuma, há carícias e amores.
As escamas que tornam pétalas, o rosa profundo, imaculado.
Há um véu intenso de vapor de água, um manto virgem...
A plenitude onírica, na verdade.
segunda-feira, março 13, 2006
230º
Mãos de masmorra
Soou o pingo no vidro da telha, ouviu-se um riso de fada tilintante.
O mundo estava de luz apagada, de cabeça coberta e corpo encolhido.
Sentia-lo quieto a respirar muito lentamente, cadensioso.
Sentia-lo vibrante à beira da morte, à espera do ponto final no fim da frase.
Era um cacto que te abraçava? Que te comia o ninho?
Ele, pingo triste de gelo, ia mais tarde ou mais cedo derreter.
Tropeçar em ti e desfazer-se em mil cacos, mil vidas omissas pela morte.
Soou mais longe, mais perto do que nunca do horizonte, um riso.
Estridente, tremendo gargalhar...
O mundo estava então à luz da vela, mesa posta, vinho envenenado.
- O que queres?
- Um copo de sangue teu.
- Espera um momento.
Não ouvimos nada.
Nem o suspiro, nem o som seco do esgar suicida.
- Está bom, o teu sumo tão vivo...
- Boa morte, meu amor...
A fada, o sol vivo que mataste!
Lá fora, no céu de primavera há restos rubros do pôr-do-sol...
Deu-se o beijo, gole a gole, incessante.
- Olha, digo-te apenas que estarei sempre encarcerado nos teus dentes, na tua morte e vida em festa!
- Encarcerado mas, cheio de amor.
- Afaga-me agora... Faz-me sentir as tuas mãos de masmorra.
Faz-me sentir vida nos dedos, na gangrena...
Soou a sirene de aviso, à porta solene, o riso da vertigem.
Um Olá a ti... Pelo amor na discórdia.
quarta-feira, março 08, 2006
terça-feira, março 07, 2006
227º
Ofertas Indemnizadas
Custam as noites fálicas a passar por ti, velha meretriz?
Custam as lágrimas risos alheios, distintos sarcasmos?
O que custam ventos a apagar velas e até fogueiras?
Custam as portagens que nos furam sangue vivo?
O que custam as respostas da boca ilustre que é tua, velha meretriz?
A vida já não corre mas ainda se empurra pelas veias rijas.
O calo manda a todos implorar com vénias a ti, à razão da vida suja.
O que custa saber que o lixo é sujo mas existe?
O que custa ver sem querer a realidade escrita nas paredes?
A despesa é grande e paga com o corpo dos trapos e dos linhos.
Sabiam o que custa?
Primeiro o trapo, depois o linho, mas sempre todos.
Cada qual na sua vez... Custa-te?
Nesse caso, com licença.
Obrigada! A dívida estará revista nos próximos capítulos.
O que custa um desvio?...
...uma gota para a sede do deserto?
225º
Rainha a Solo
Uma a uma, cada vez te revelarei mais.
O instinto rompe com carinhos leves a falsa crueza. Dilata-se.
Arrastas-te no medo caída pela vergonha. Ocultas-te.
Superas grau a grau a ingreme escala dos dias, hora a hora.
Porém, não foi ainda confessado o último suspiro?
Talvez.
Mas não se viu nada. Não há prova e assim, não há crime.
Acautela-te! A fera rosna quase despercebidamente.
Quase...
Tu não ouves pois manténs a surdez das formalidades próprias.
Um aviso: Quando ouvires será tarde demais.
Boa noite Rainha a Solo.
Uma prenda ou um post scritum:
Um beijo ou um tiro?
223º
Há horas e horas sem pensar.
Tentativas frustradas para não te ouvir.
Ergues os teus olhos para mim, mesmo longe, mesmo infinitamente distante.
Eu penso em desviar-me de ti, em esquivar-me sem que te apercebas...
Mas deixas?
Provavelmente vens agarrar-me e assim, impedir-me de voar.
Pedia-te eu, vezes sem conta, que me empurrasses para dentro de mim, para o meu umbigo.
Pedi-te até que esquecesses tudo, fizesses o desprezo calar a história mal contada que sou.
Fui um pedaço de papel escondido no teu bolso, fui uma carta rasgada em segredo, fui um sonho inquieto e mal dormido.
Fui coisas tuas que quiseste guardar em vão.
Passo então a citar-me: "Acorda-me! Corta-me as asas ou atira-me de volta ao abismo querido... A morte que amei...".
E tu: "Não te deixo! Não te corto e não te queimo... Amo a vida contigo, estejas ausente ou não. Ainda que sofras, quero ter-te.".
Rastejo pela encosta do teu ego, corto-me nas escarpas imundas da tua vontade. Para quê?
Para quê estragar a carne que nunca terá sabor?
Para quê desfrutar o corpo que se vai tornando defunto?
Não tapes de mansinho, não cantes docemente.
Prova antes o gosto agridoce da vida às portas da morte.
segunda-feira, março 06, 2006
221º
Flor Rupestre
Acolhe, cara má, coisas doces.
Nas sombras esperam-te vultos de cristal.
Dá sede ao lago, revolta-te connosco.
És sinal de raiva tolerada anos a fio, sucumbida.
És uma migalha na areia e eu tenho fome...
Demasiada fome e dores abdominais.
O que foi prazer e sobrou dor.
O que foste que me marcou há uns anos, dissipado.
Acolhe grãos de raiva com pulsos cortados.
Faz-te uma ordem e cumpre...
Apaga-me de ti.
quarta-feira, março 01, 2006
219º
Pé de Dança, O infortúnio
Dança querida, na passadeira de uma língua.
Pede ao manto do músculo que te envolva, que te torne fluente,
que te torne lisa e afiada.
Dança no gume cortante do risco impendente.
Pede à chuva que te lave, que te lamba,
que te torne nova e translúcida.
Pede-lhes mais.
A tua dança é somente conduzida pela viva força do súbito.
Se tremes, tremes, se avanças e cais, ficas caída.
Mas o impulso, o grito, o estalo do tiro salta em ti.
Querida, tu não dás espaço ao medo.
Tu aqueces a fúria das feras, moves tempestades em dias de céu limpo.
Mas dançando, ofereces-me parte do corpo que é sincero.
Bebo-te a verdade crua na pele e sei por fim o limite:
És selvagem. Porém, acabas assim que o vento rompe as traves da carne.
És jovem. Sei que nos escombros da tua louca dança se esconde um fio de pânico mudo.
Descobri-te querida. Não haverá mais brincadeiras de lençol pela manhã.
Uma noite virá pela calada, passo a passo... Pedir-te-ei que dançes.
Nem que seja com os olhos.
Meu amor, assino-te o medo nas órbitas.
217º
Desvendar os Sem-Janela
Uma manhã morna nasce para os sem-janela.
Acima desta há os que são tristes e comedidos, os que não têm bens de qualquer espécie (se têm bens, então é porque mentem ou não sabem reconhecê-los).
Os sem-janela percorrem caminhos de vida escuros e sinuosos, sem tochas, sem mapa.
A cegueira é certa e interminável, perdura nos quartos-cela dos Homens esquecidos.
Chamo-lhes sem-janela porque não enxergam o fio do horizonte. O abrigo que têm e que nunca verão...
Podem imaginar mundos e tecer juízos incolores. Podem abrir uma janela mas não poderão jamais conhecer a linha do inacabável.
Os Homens desenharam sem-janelas à vista: fazendo-os escravos dos olhos de outrem.
Assim, descodifica-se uma verdade tão pouco fundamentada:
Há pessoas que são com-abrigo mas sem-janela.
Há mundos sem luz na multidão de olhos vivos.
punctu finale