(...) da ashfixia à serotonina

segunda-feira, outubro 24, 2005

76º

Acordei cedinho a ouvir risos sob a almofada.
Porém, despertei apenas quando te vi.
Estavas acocorada junto à cama e puxavas o lençol.
Rias-te nem eu sei de quê.
Pensei que tinhas muitas cócegas. Mas o que te faria tais cócegas?!
Lembro-me então de te ter perguntado o que fazias ali. De que te rias tu?
Olhaste-me com profundidade, penetraste-me até aos confins das órbitas.
O tempo parou para que me dissesses só isto "Eu estou aqui porque me chamaste. E rio-me de ti que me falavas em sonhos!"
Desde então não voltei a chamar-te.
Os meus sonhos aclararam-se.
Pintei o quarto de branco. Matei a velha tonalidade magenta.
A cor cala-se repentinamente assim que acordo.
Nem um momento de recordação mágica que me assombre...
Nem um rasgo de sonho, de riso, de campainha.