(...) da ashfixia à serotonina

terça-feira, fevereiro 14, 2006

204º

Acto Longitudinal

Foto-relata o céu cinza.
Tens um dia mais tarde vingança a cobrir-te.
Pinta os dedos na lama das ruas que te absorvem.
Olhamos a humanidade de janelas embaciadas de fumo, de frio.
À nossa volta há raiva e falsa ternura às camadas.
Há risos que morrem nos olhos e se calam no cimento.
Foto-relata o rosto também cinza.
Ouvimos contar universos desconhecidos nas bocas dos anciões.
Nunca nos contarão unicamente porque cegaram.
E nós pensamos:
Porque são brancos e abertos os seus olhos?
O que viram todos que não contarão?
O que calou um dia a voz da dor em cada ancião?
São figuras eternas como a pedra.
Estão inscritas no meio de nós e circulam sempre de sobreaviso.
Roem ameaças às escuras...
Foto-relata o plasma das espécies extintas.