(...) da ashfixia à serotonina

sexta-feira, setembro 16, 2005

30º

Nova visita (à dor que prezo)

Uma fera espreita-me em surdina. Ela é uma massa que se move e se estende pelo tapete que sou.
Sim... Os seus olhos percorrem-me pacientemente.
Prevejo dentes aguçados.
Ela cheira-me. Suga o meu aroma e o meu néctar. Sobe por mim. Dos meus pés à ponta dos cabelos.
A fera quer ver-me ganir. Quer o meu grito e o meu suspiro.
De novo e como nunca Sinto-o. É macho.
Teso, esticado na minha direcção. O animal quer-se quente.
Quer sentir-se morno na minha humidade.
Ele aponta-mo hirto.
Os seus desejos serão cumpridos. Ver-me-á prová-lo de novo...
O seu desejo é espetar-me.
Dou-me a ele. Deixo-o degustar-me entreaberta.
Não poderia vencer tal luta. Sou a gata quebrada por ele Tigre.
O Tigre comanda a lâmina. Afia-se em mim descarnada.
Entra e rasga-me os vasos. Trespassa-me veloz e parte.
Ataca-me o ânus em chamas. Incendeia, explode e expele. Escorre lava. Queima pele. Ateaste-me e agora apagas-me.
Soltas o meu corpo desfeito nas tuas garras. O meu pescoço espelha a tua ira.
Fico pintada de suor e sangue.
Conduzi-me uma vez mais até ao covil do monstro.

Fui eu gata.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Volti Que Surdina!
labareta.blogspot.com/

8:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

poderosamente sensual (sexual)

8:55 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home