(...) da ashfixia à serotonina

terça-feira, janeiro 17, 2006

162º

O dossier arquiva os teus restos mortais,
caro colega...
A tua falência repugna os vermes,
nem mesmo eles pernoitariam a teu lado.
És carne podre.

Procuro uma lanterna para saber o que se passa.
Combinámos as horas certas, o lugar...
É aqui que queres morrer?
Tinha-te dito que os teus pais não aceitariam a tua falta.
Não deves castigá-los sendo tu de novo.
Dá sangue vivo aos deuses, aos poetas vivos no céu.
Caminho para te apoiar na descida.
Eis o inferno na cave do lado. É fria e lenta...
Fria a veia e lenta a vida a fugir.
Gosto que decidas de uma vez só.
Antes eras um zero cheio e hoje soubeste desejar.
Vou perdoar a tua morte e contá-la por escrito.
Vou perpetuar-te caro colega.
Afinal,
és só carne podre.