(...) da ashfixia à serotonina

sábado, maio 27, 2006

294º

Despedida em aberto

O adeus impõe-se.
Acende-se uma vela, um amigo novo.
Mesmo assim, o ruído não nos larga.
Corre para lá da melodia, afasta-se de cada passo dado,
a medo.
Foge-nos como grãos de areia, das dunas.
É impossível recusar a tua presença.
Sinto-te preso nos lábios muito depois.
Muito para além dos dias perseguidos com os impulsos,
as vontades do amor secreto.
O adeus impõe-se, até aqui.
Sustido num sono leve...
A vontade cala-se no peito que arde, a garganta entupida.
Morres-me.
Apagas metade de mim enquanto uma vela se acende.
Um amigo que não vou conhecer.
O adeus fica suspenso para nós,
amantes com medo de ver sóis a raiar, ondas que dançam.
Amantes que não sabem que o são, pois também nunca o foram a sério...
São só amores de lenço na mão.
E, apesar de tudo, o adeus impõe-se.
Com doçura e peças soltas.

2 Comments:

Blogger Cinza said...

Uma suavidade de almas..
Escrita muito pura e leve.

5:25 da manhã  
Blogger Raquel Antunes said...

Obrigada cinza :)

7:05 da tarde  

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