(...) da ashfixia à serotonina

quarta-feira, novembro 01, 2006

377º

O Até

O que acaba onde um dia começou
e as linhas da palma da mão são controversas
e os sóis da minha janela calaram-se de rir
calaram-se de repente

E tudo fica igual a sempre
a magia é exactamente magia
os fogos são mentiras
o grito está mudo cá dentro

Algo é exactamente o vazio
algo soa outra vez a outra vez
e o céu repete-se, as luas, as árvores
e os muros intermináveis

E é aqui que eu atraso a hora
que atraso o passo e as coisas todas
que mato as mãos e os olhos
que me aborto para os dias
até as lágrimas dançarem como orvalho
até ser outra vez nada mesmo depois de tudo

E um abraço de ar ou uma gaivota
ou a nuvem fechada num quarto de pensão...