(...) da ashfixia à serotonina

quarta-feira, março 01, 2006

217º

Desvendar os Sem-Janela

Uma manhã morna nasce para os sem-janela.
Acima desta há os que são tristes e comedidos, os que não têm bens de qualquer espécie (se têm bens, então é porque mentem ou não sabem reconhecê-los).
Os sem-janela percorrem caminhos de vida escuros e sinuosos, sem tochas, sem mapa.
A cegueira é certa e interminável, perdura nos quartos-cela dos Homens esquecidos.
Chamo-lhes sem-janela porque não enxergam o fio do horizonte. O abrigo que têm e que nunca verão...
Podem imaginar mundos e tecer juízos incolores. Podem abrir uma janela mas não poderão jamais conhecer a linha do inacabável.
Os Homens desenharam sem-janelas à vista: fazendo-os escravos dos olhos de outrem.
Assim, descodifica-se uma verdade tão pouco fundamentada:
Há pessoas que são com-abrigo mas sem-janela.
Há mundos sem luz na multidão de olhos vivos.

punctu finale

4 Comments:

Blogger isabel said...

Adorei, adorei, adorei!
Vais longe :)

Beijoca

7:29 da tarde  
Blogger Raquel Antunes said...

Obrigada! Ando a ficar "mimada" eu... :)

Bjinhos

1:56 da tarde  
Blogger Raquel Antunes said...

Obrigada diva.
Na verdade pensei nos sem-janela há uns dias e depois, quando me sentei em frente ao pc, saiu-me isto. :)

Bjinhos

10:40 da manhã  
Blogger Lord of Erewhon said...

Escreves bem.

8:42 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home