(...) da ashfixia à serotonina

quinta-feira, maio 18, 2006

282º

Pedidos de mudez

Despedaças, lenta e fria, artérias preciosas, extensões de ti.
Rasgas-me os lábios com beijos, os olhos que não deixas fechar...
Adormecer apenas.
O perdão é evitável se antes passares um só dedo teu neste colo abandonado.
Nunca havia sentido o toque sequer da raiva, o corte das unhas afiadas na pele macia, plena e pura.
Conhecia o sol matinal no rosto desprotegido, a ventania que revolve as folhas no plátano, os risos que tilintam nas ruelas da aldeia.
Não te conhecia de corpo, de nú feito e desfeito apressadamente.
O ódio será um dia ameno?
As palavras apagam-se em mim, num passado pouco presente.
Sou a fuga, o suícidio altruísta.
Será que, sem mim, o sol virá aquecer as vozes dos velhos, apagar as lágrimas dos pequenos?
A pergunta que quero fazer e não posso.
Tu impedes-me de viver mais do que isto.
Dás-me uma chave que não serve e dizes-me que saia...
Que me vá para bem longe...
Vou persistir com a dor de querer mais um pouco teu.
Um gesto repreensivo basta! Atiça-me...
O adeus com beijos magoados. No teu hálito morno,
Eu só fico gelada.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ola...

Creio que quaisquer palavras que eu use serão pouco para expressar o que senti ao ler... Achei magnífico, pausadamente belo.
Levo comigo essa linha, que em mim espelhou:

"As palavras apagam-se em mim, num passado pouco presente."

Apaixonante, parabéns pela ótima e linda escrita.

Grato pelas palavras em meu blog

Bjs
:*

2:47 da manhã  
Blogger António Gomes said...

Deleite.

3:04 da tarde  

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