(...) da ashfixia à serotonina

segunda-feira, maio 29, 2006

296º

O teu sadismo monárquico

Emanações controversas assaltam a minha rainha.
Perdoa-lhe, elevado espírito dos bons costumes.
Ela não sabe ainda o que é fazer amor.
Não aprendeu contigo as artes do coito ilegítimo?
Sabes usá-la para te servir como um fino ornamento.
E rasgas com estupro o melhor pano cá do reino...
Que pétalas brilharão pela manhã que vai nascer?
Semeando flores no solo pútrido, colherás apenas rosáceas espinhosas.
O desamor do leito corrupto.
Escolheste o melhor jardim para derramar a seiva envenenada.
Perdoa-lhe agora por falecer tenra, dócil...
Desculpa-lhe se te deve beijos que não sabe dar.
O amor, sua magnificência, não vive nas masmorras.
As artes do teu sadismo crónico são palcos onde cintilam estrelas mudas.
Poderás ter a carne com correntes de ferro e dor.
O amor, esse místico não-ser, não te assistirá pela fúria acesa.
Podes matar cada flor do teu jardim negro...
No subsolo erguer-se-ão as unhas da vingança.
O sémen com que banhaste o teu reino engolir-te-á, definitivo.
Sua alteza, serás o sangue do teu sangue.