(...) da ashfixia à serotonina

segunda-feira, agosto 28, 2006

349º

A Célula do Antes que ainda é Hoje

Lembra, velho rosto de um livro
A capa gris em dócil veludo
A ruga teimosa, corpo que turva
A linha interrompida por entre os dedos

E soubesse antes o que há por aí
A montanha sem neve ardida
A mão calejada dos anos aflitos

E houvesse o sol posto calado os disparos
A vontade do Homem para morrer
A terra de cobertor no Inverno nunca extinto

Lembra, antigo suspiro de um soldado
A paz estanque no coração que cede
A voz imensurável da mulher-mãe longínqua

E haveria talvez a mão cheia de risos
O ânimo perene num abraço de retorno
O perdão saciado pelas lágrimas que não esgotam

E saberia então prometer a vida
O amor num rio longo e tortuoso
O sentido da verdade na canção de outrora
O amanhã nos parapeitos ao sol nascente