(...) da ashfixia à serotonina

quinta-feira, setembro 06, 2007

367º

Imputações Narcísicas

Suavemente mas com exactidão
a espiral encurrala-lhe os olhos
injecta-lhe serpentes pelo ódio acima
masturba-lhe a serotonina

Lenta, crucial, intangível
escoa-lhe um gemido das entranhas
um fino fio vinagrento
com amor...

Emudecida, linda, mansa,
efémera fada
num tango noctívago
aspergida pela onda incrível da natalidade

Quem eras?
Micróscopica como a bactéria
astuta, cigana, ou natural
nascendo entre o asco e a vergonha

Ou susto...

freme sorri e chora tudo velozmente
na corrente manancial do útero fustigado pela tempestuosa fúria
na pressa súbita de se esquivar até às têmporas
uma planta fanerogâmica

Quem sente tanto assim?

A madre ou a submissa acanhada nos confins das celas ancestrais, o sagrado fim que lhe cola a carne ao espírito, que lhe consegue gritar
que pare
antes de se vir, de sorrir, de rasgar
um tempo lacrimal
o agridoce pincel a rosa-cinza

a tela narcisista do maníaco-depressivo