(...) da ashfixia à serotonina

sexta-feira, janeiro 20, 2006

166º

Odiu

Correm os cães vadios nas sombras, no mato.
Andam os cães vadios no meio de nós, nos cadáveres.
Contudo, há rostos canídeos nos corpos humanos.
Há vida animal nos novos apartamentos, nas novas cidades.
A fauna dos blocos de cimento e betão, século XX... Rostos e corpos que não se encontram e não se partilham.
Gentes que são matilhas, que espumam, que estão a sujar as ruas com a raiva.
Também na raiva somos igualmente gente, cães famintos.
Usamos (sequiosos) vidas rápidas, descartáveis...

- Hey! Hey menina!
- Sim?
- Não pagou esse jornal.
Ouve-se um som rápido, abafado, da arma silenciada.
- Cretino...
Apaga-se a lua entre as nuvens, aparece o manto de nevoeiro.
O segredo está guardado nas árvores, nos olhos injectados de sangue...

- É um quadro estranho este! São cães vadios?

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...e eis que estás na minha lista de links... vou agora explorar um pouco mais...

9:41 da tarde  
Blogger isabel said...

Gosto de cães vadios, são meigos, de olhar triste, são ossudos, têm medo

1:05 da tarde  
Blogger Raquel Antunes said...

Obrigada. Sejam sempre benvindos. :)

1:34 da manhã  
Blogger Bart said...

Somos todos nós... Por mais que tentemos ser mansos, acabamos sempre por, aqui e ali, espumar e "sujar as ruas com a raiva"... Muitos chamam a isto o nosso lado animal, outros dizem que é a prova que somos humanos.

Abraços
P.S.:Obrigado pelas vizitas;)

12:13 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É triste mas reconheço-me em alguns desses "espumanços", às vezes. Pela coisa mais mínima e absurda ficamos irreconhecíveis e como cães... o alvo mais fácil é aquele que passa na rua e a quem não devemos nada...
:(

11:11 da manhã  

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