(...) da ashfixia à serotonina

sexta-feira, janeiro 27, 2006

181º

De Rapina

Fica infinito, não te dissipes.
Permanece.
Preciso de me deitar no chão frio a olhar-te.
Pedir-te que me salgues a pele e os sentidos.
Diminui-me.
Arrasta-me até ao teu trono e grita-me.
Sou o teu farrapo e a tua musa. Serei a tua refeição,
pausadamente.
Atiça-me as feridas.
Recorda-me uma cicatriz, amarra-me a frio.
Torna-me depressa incandescente.
Aquece cada parte de ti em mim e rasga.
Rasga-me as asas nuas, expostas.
Usa-me.
Por fim, assina.
Assina sempre cada quadro de pele e osso que pintes.
Assina o teu trabalho com os restos e a sombra quieta, cadavérica,
da ave morta e ainda quente.
Faz transparecer vestígios do que era eu.
Da ave, da pena, da presa lívida.
Faz-me um ponto final,
acaba-me.

2 Comments:

Blogger Raquel Antunes said...

Obrigada Diva. Adoro as tuas visitas :)
Dão-me ainda mais vontade de escrever! *

11:39 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

que coisa linda!!
vou-te adicionar aos fav´s.ok?

beijos ...só não te abraço porque não me kerem tirar o colete de forças

3:01 da manhã  

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