(...) da ashfixia à serotonina

domingo, julho 09, 2006

321º

A matança da sala de estar

Estar, soltar a vida nas horas intransigentes.
Ver, rasgar os tempos que correm no meio de nós.
Somos carne de vidro que resta por aí.
Espreitam-se amanheceres no abrigo alheio.
Nesgas de vidas melómanas, a atrocidade instalada.
Estar implica cair num sofá, partilhar um ecrã que nos bebe os olhos e nos cala a pele.
Cala-nos a energúmenidade duma estupidificação consentida.
Estar para ficar é como não ver.
Pois somos vidros que quebram e se perdem num nada gigante e tremendo.
Pois estamos mudos atados aos sóis dos abrigos alheios.
E porque ficar?
Já não são precisas raízes para parar o medo.
Os fantasmas de amanhã também são os amigos.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ó maria, tu ja publicaste?

gostava de te ver na lista da minha editora... vou-te recomendar

10:05 da tarde  
Blogger Raquel Antunes said...

Ainda não publiquei mas andam-me a "pressionar" para o fazer.
Eu é que ainda não mexi uma palha... :)

*

1:58 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home