(...) da ashfixia à serotonina

segunda-feira, março 26, 2007

351º

R.I.P

Ontem é mais um mito que a ferida
e a mansa e ténue mão de luz
guardo ossos de uma casa nossa
nas gavetas

Onde está a razão, pois é
a loucura secou-te os olhos
onde ontem havia um jardim
onde esta manhã colhemos os frutos do nada
um nada entre o tu e o eu

Ontem é mais um mito que o beijo
o braço de ar seco, áspero
escondo as veias de um amor moribundo
nas entranhas

E onde está a razão, pois é
a comitiva de fantasmas
o exército de abraços que restam
para afastar as horas claras
para ouvir as paredes gritar
clama a raiva e o doce fogo da carne
tatuando despedidas, na densa lentidão do amor
do que se pintou sem ter nada
para dizer

olá e adeus.