351º
R.I.P
Ontem é mais um mito que a ferida
e a mansa e ténue mão de luz
guardo ossos de uma casa nossa
nas gavetas
Onde está a razão, pois é
a loucura secou-te os olhos
onde ontem havia um jardim
onde esta manhã colhemos os frutos do nada
um nada entre o tu e o eu
Ontem é mais um mito que o beijo
o braço de ar seco, áspero
escondo as veias de um amor moribundo
nas entranhas
E onde está a razão, pois é
a comitiva de fantasmas
o exército de abraços que restam
para afastar as horas claras
para ouvir as paredes gritar
clama a raiva e o doce fogo da carne
tatuando despedidas, na densa lentidão do amor
do que se pintou sem ter nada
para dizer
olá e adeus.
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