259º
Parte de nós, faz cancro
Parte de nós sentir a chuva no cabelo em noites cinza fluorescente.
Parte de mim contar-te que não pensei mais em ti desde que dissemos adeus às utopias, aos amanheceres.
Parte-me em pequenas janelas de vidro saber que os teus ossos se derretem, a tua pele cai na opacidade do Outono, o teu sorriso desmaia sem colo.
Sei que tu e eu formamos um palácio de nuvens.
De seio em seio, nos dias passados pela casa de partida, a jogar com os dados do vício.
Quando te partes pela madrugada?
Se houver novidade num prenúncio vizinho?
Algures num quarto de hóspede tu estás partido e espalhado pelos mosaicos, como mobília.
Sobranceiro, engoles-me sem esforço.
O que faz com que parte de nós fique desalojada.
Sem albergue, à falta de preservativo, tu partes-te.
Estilhaços de pele desfeita que me ensanguenta.
Se partirmos já, ficarei negra.
Partido nos meus dedos, um antigo hino...
Foste uma ampola inábil.
Parte de nós ficará em diante sem efeito.
Paridos em prisões, somos parte de ruína alheia.
Somos as coisas inúteis que partem de todos, de nós.
Um recado em letra maiúscula: Faz cancro.
5 Comments:
parte-me o coração ver-te partir. mas sei onde te encontrar.
Um beijo de ternura, minha querida..
bon voyage
Natas
cancro é amigo.
PARTIR???? Ouvi bem ?!!!
Lembra-te de mim e avisa-me da nova morada.
Beijocas e espero ter percebido mal.
Excelente!
Creio que o melhor que já te li. Muito, muito bom.
Obrigada por este momento.
Grande abraço.
Ai ai... Assim se inicia um boato!
Calma! Por enquanto não vou a lado nenhum! Eh eh eh (Agora lembrei-me dum certo sketch do Gato Fedorento)!
Se por acaso algum dia acordar e decidir "partir", então avisarei a maralha toda! Descansem :D
Beijocas e abraços
PS: Obrigada pelos vossos comentários e pelas vossas visitas :)
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