(...) da ashfixia à serotonina

terça-feira, julho 11, 2006

329º

Com unhas e dentes

Dor que sai do peito e viaja de dentro para fora, para lá das esferas da carne e do puro genital.
Viagem da ponta dos dedos aos túneis que partem por nós e nos entopem as veias.
Se formos simbióticos hoje e nos matarmos em pedaços amanhã?
Se matarmos connosco o antes e o depois, os muros e as arestas que limam a erupção repentina.
Transborda-se.
Sai de ti, de mim e escorre para lá do rio, da vida e do quotidiano.
Corta-nos as fontes e faz-nos procurar o extintor para a temível (inevitável) castração.
(E regas as feridas com álcool)
Faz sentido arrastar a carcaça gasta para lá dos escombros de pele amarrotada?
Faz (porque sente) continuar a dor boa, que se guarda, que se prende a enfeitar o corpo.
E haverá espaço para dançar à lua inteira (apenas) porque nos fundimos?
Colocas-me entre parêntesis frequentemente.
E não há nada a esperar, nada a prever...
Brinda-me na pele o teu toque de bicho inquieto.
Se não tenho amanhã porque me vou esconder entre os poros?
Ser um transeunte nos intervalos de nós, no prazer inacabado de uma crescente simbiose ritual.