(...) da ashfixia à serotonina

domingo, julho 16, 2006

335º

Passo Dois

Numa janela da cidade escrevo-te
da minha utopia melancólica.
Ainda que longe anseio
fazer parte do teu lento não ser
da tua queda no feliz amparo do leite,
grito de chegada.

(Não te odeio
Não te amo)

Neutro é o passo largo vago
distendido do corpo
Figura desnivelada!

Numa janela da cidade uivo-te
arrependida de um rapto que não se fez.
Queimam-se as ervas do teu alterego faminto.

(Sacrifica-o
Perdoa-o ao gume da faca
Petrifica-o nas escamas do imbecil...)

O odor a ânimo leve corrompe-te
o faro de besta
de animal parido em conserva.

Numa janela da cidade pinta
um pássaro distraído a cor do fim;
O arco-íris dos telhados.

[14/07/06, 7 pm Chiado]