(...) da ashfixia à serotonina
quarta-feira, janeiro 31, 2007
395º
Maratona das Zero Horas
Contando um a um pelos dedos vagos e compridos
pelos dias a navegar de perto
pelas estrelas entrelaçadas no mar de sábado
não há como ter-te desempregado das linhas
das coisas escritas de deus-pai-do-nada
Contando-me a mim um conto de precipício
pelo grito, pelo atribulado grito
e não vem cá ter nada mais nada a menos que um adeus
dois, três, corridos, desfragmentados
e cala-se devagarinho
Contando-nos de longe uma vida em pétalas
e um corpo untado pela planície
Eras tu, eu mesmo plantado num espelho infinito
pelas caras que não conheço, então vou.
segunda-feira, janeiro 22, 2007
392º
Resposta nº26
O que há em ti tatuado que não ciúme?
E a carne? Comia-la de manhã cedo, ainda ontem?
Recupero-te em prosa a pele os músculos e o coração
reparo-te as manchas do ódio com camomila
refaço-te a cama de coral e sémen quente
para explodires.
390º
apêndice-tumular
Pois tu, entidade abstracta, morta.
Pois tu.
Acordei-te outra vez na madrugada em ânsia
e cobri-te de mim, uma lua cheia de branco.
Mas rompeu-se
o fio de um dedo na arma
os cornos de um pai ausente
os olhos fundos em covas
as mães do lado de lá.
Pois tu vergaste-me
ao peso estúpido da culpa
da desatenção, do adeus.
Uma lâmina e um olho silencioso,
um amigo mais eu.