(...) da ashfixia à serotonina

quinta-feira, agosto 31, 2006

356º

Magnus Blomster

355º

E em Sonhos Pseudo Eróticos

E em ti que tens dois sexos, que tens amor
Há vida em ânus (o planeta c)
Há razão no sentido irracional
E em ti que és instinto e pénis e vaginas várias
No rosto mas mais no centro que dentro
E fundo
Bem profundo ser que gosta do que é bom
Do sexo que é sexo e por ser sexo e ser tão bom
No orgasmo imparável, interminável, indestrutível
E alcançado com sexo e para além dos sexos
Das vaginas e dos espasmos
Do esperma que jorra que não termina
Por aqui
Entre um só sexo
Que não chega nunca pouco ou médio
Nem assim assim
É obrigatório ser mais do que bom e melhor
E ainda mais profundamente bissexual e bom
Excelentemente simples
O gostar do que é bom de que forma for de bom
Com o homem, com a mulher, com o que se quer
O que apetece e sacia
Pela carne de instintivo amor tatuado
Que seja então bi ou tri sexual
Pelo gozo, pelo sentido incrível do orgasmo
Que não esgota nunca no sexo a força
A vontade do belo no mais aprimorado corpo
De homem ou mulher
Porque um é pouco e dois é possível
A vida esvai-se demasiado para questionar
Tentar impedir o livre a química a emoção
O toque apaixonado do sexo sentido animal
Sem fronteiras pois se se é tem de se ser
Com prazer e amor vivido explorado continuado
A milhas
Na praia deserta de gaivotas a partilha essencial
O que em nós não podem matar nunca
Mas nunca
O que sabes sobre o ser-se? Naturalmente
Não tem escolha mas tem de ter amor
E a vida enrola-se com o sonho
Para além do homem da mulher e de tudo
Numa espiral de sincero erotismo
Pode chamar-se a arte de viver (mas porquê)
Porque o amor é raro mas tem de ser incansavelmente bom
Como sempre especial por diferença, o vínculo insiste em transpor
Firma-se o sexo no corpo que assume
Não há luta e é o amor que escolhe que vive por si só
A sexualidade afinal não nos pertence apesar de nos escolher
E é ela a livre responsável e instinto natural
Então forja-se a revolta que é demente
Pois o que se pode matar depois?

354º

Erwin Olaf

353º

Em Sonhos

Sou capaz de te ver onde não estás
em cada espaço aberto pelo vácuo da ausência pré-imposta
no linear começo do dia e na complexa dança das luas cadentes.

Sou capaz de saber-te onde não és
em ti tornado vazio para ti e sem mim
na complexidade cheia de beleza que sou eu fora do espaço.

Em sonhos sou eu e um talvez tu
ou um nós pouco ténue que não conheço
ou um medo repentino e o instinto de me calar para ti.

Em sonhos há um mim que é espaço
para plantar e deixar crescer regando
para abraçar e deixar sentir a transparência que vence.

segunda-feira, agosto 28, 2006

352º

Hasta Siempre Comandante!


351º

No Nos Moveran

Sube a nacer conmigo, hermano
dame la mano desde la profunda zona de tu dolor diseminado
no volverás del fondo de las rocas
no volverás del tiempo subterráneo
no volverá tu voz endurecida
no volverán tus ojos taladrados
yo vengo a hablar por vuestra boca muerta
a través de la tierra juntad todos los silenciosos labios derramados

y desde el fondo habladme toda esta larga noche
como si estuviera con vosotros anclado
contadme todo, cadena a cadena, eslabón a eslabón, y paso a paso
afilad los cuchillos que guardasteis
ponedlos en mi pecho y en mi mano
como un rio de rayos amarillos
como un rio de tigres enterrados
y dejadme llorar horas ,días, años, edades ciegas, siglos estelares

dadme el silencio, el agua, la esperanza,
dadme la lucha, el hierro, los volcanes
apegadme los cuerpos como imanes
acudid a mis venas y a mi boca
hablad por mis palabras y mi sangre

no, no, no nos moveran!no, no nos moverán!
como un árbol firme junto al rio
no nos moverán.

unidos en la lucha, no nos moverán
unidos en la lucha, no nos moverán
como un árbol firme junto al rio
no nos moverán
no,no, no nos moverán! no, no, no nos moverán!
como un árbol firme junto al rio
no nos moverán

unidos en la huelga, no, no, no nos moverán!
unidos en la huelga, no, no, no nos moverán!
como un árbol firme junto al rio
no nos moverán, no nos moverán!

Por Joan Báez

350º

Misha Gordin

349º

A Célula do Antes que ainda é Hoje

Lembra, velho rosto de um livro
A capa gris em dócil veludo
A ruga teimosa, corpo que turva
A linha interrompida por entre os dedos

E soubesse antes o que há por aí
A montanha sem neve ardida
A mão calejada dos anos aflitos

E houvesse o sol posto calado os disparos
A vontade do Homem para morrer
A terra de cobertor no Inverno nunca extinto

Lembra, antigo suspiro de um soldado
A paz estanque no coração que cede
A voz imensurável da mulher-mãe longínqua

E haveria talvez a mão cheia de risos
O ânimo perene num abraço de retorno
O perdão saciado pelas lágrimas que não esgotam

E saberia então prometer a vida
O amor num rio longo e tortuoso
O sentido da verdade na canção de outrora
O amanhã nos parapeitos ao sol nascente

sexta-feira, agosto 25, 2006

348º

De Jean-Pierre Ceytaire

347º

Passerelle das Cidálias carnívoras

Eis que és tu
Subaquática puta das algas
da guelra alvoraçada
do banal artíficio

Sem armas na pele rota
nos cigarros vivos
no lençol com sangue e ampolas
O êmbolo que ajuda
Ou a cocaína

Eis que escorres por ali
no mármore oirado
nos fios devorados
Frenética
pela raiva das hemorragias

E não há pele
não há projecto de rosto
ou o espelho já não mente
ou a vida come como a puta
e desliza
Até ao mais próximo quarteirão

346º

De Erwin Olaf: um dos meus fotógrafos favoritos

quinta-feira, agosto 24, 2006

345º

A desproporção do Ocaso

Na dança do escuro há meninos de luz
e passos de silêncio que levam os lobos à carne mansa
Roteiros de céu num berlinde gasto
que me dás

Para que mo dás?

O teu mundo num caule fraco
de olhos mortos no chão que espreita deuses
Que acolhe alegrias infundadas
medo do dia, com clareza

Para que me esperas?

Se te é branco o que antes era negro
o que tinha de ti um dedo em casca de árvore
e já se faz a hora de crescer para mudar
Semear pés de lama no nu
imaculada erecção de canções perdidas
O eu que é de uma colossal ataraxia

segunda-feira, agosto 21, 2006

344º

Jacek Gasiorowski

domingo, agosto 20, 2006

343º

Pela chama do barco seguinte

Espero-te no ensaio das horas que brincam
na brutal fuga dos dedos pelo espaço desconexo
pelo rosto que cega, se esvai

Caio algures sem querer
E lá é noite vinte e quatro horas

Rompe-se a carne no prazer
na dor da mordedura e no lábio
pelos membros
pelos espasmos
pelos urros e sussurros
Gutural

E depois um ponto para fechar a primeira cena
Um abraço esquivo nos olhos
esboço de vazio inerte
Um beliscão parvo no orgulho inabalável

A boa noite com sonhos de geometria
e branco a toda a volta
Cá dentro tem de ser dia
sem parte nenhuma de mim

quarta-feira, agosto 16, 2006

342º

De volta...