(...) da ashfixia à serotonina

segunda-feira, outubro 31, 2005

82º

81º

Quero estar contigo em Novembro a gozar o frio nos ossos, a geada nos dedos.
Este Inverno, será uma canção escrita por ti no meu braço...
Já se ouve uma vez mais o riso do Pai da Noite. Ecoam os gritos da alvorada, chovem gotas de fogo.
Há que preparar a vinda do primeiro gelo.
Pela manhã, vamos os dois abrir caminho no nevoeiro, correr pelo vale.
Vem comigo. Vamos juntos espalhar pózinhos e serpentinas.

80º

Não sou das palavras, não nasci do verbo.
Não pedi para ter rosto lírico.

Decidi destruir-te antes da vida.
Soletrei o teu nome e comi cada letra devagar
Soube-te a tinta seca
Olhei para apreciar a caligrafia da tua morte
Soube-te a infortúnio
Pude exibir-te como predicado, provar o fim da tua culpa.

segunda-feira, outubro 24, 2005

79º




78º

Vuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
O vento ruge! O ar açoita cada um ao passar.

Foje Galadriel!
Esconde o rosto longe daqui.

77º



Imagem em: Toni's Garden

76º

Acordei cedinho a ouvir risos sob a almofada.
Porém, despertei apenas quando te vi.
Estavas acocorada junto à cama e puxavas o lençol.
Rias-te nem eu sei de quê.
Pensei que tinhas muitas cócegas. Mas o que te faria tais cócegas?!
Lembro-me então de te ter perguntado o que fazias ali. De que te rias tu?
Olhaste-me com profundidade, penetraste-me até aos confins das órbitas.
O tempo parou para que me dissesses só isto "Eu estou aqui porque me chamaste. E rio-me de ti que me falavas em sonhos!"
Desde então não voltei a chamar-te.
Os meus sonhos aclararam-se.
Pintei o quarto de branco. Matei a velha tonalidade magenta.
A cor cala-se repentinamente assim que acordo.
Nem um momento de recordação mágica que me assombre...
Nem um rasgo de sonho, de riso, de campainha.

quarta-feira, outubro 19, 2005

75º

74º

Um e outro dia vão passando por mim.
Eis-me aqui entre headsets e monitores. Não sei se chove ou se faz sol!
Conto as horas e os minutos, apercebo-me de que aqui o tempo é igual, de que os ponteiros só podem fingir!
As minhas palavras são imediatas. Posso repetir um número infinito de lengalengas semelhantes e é como se nada dissesse. Por aqui nada se passa de verdade.
Encontramo-nos numa dimensão desconexa e inumana.
Somos umas poucas cabeças de gente sem fios...
Tecnologia de ponta!
Nós, operadores de call center, oferecemos vozes, dedos... Somos as putas em linha que lançam "Bom dia! Está a falar com ... Em que posso se útil?" e que estamos disponíveis para responder e encaminhar, ouvir ou fingir, dar atenção e gastar rios de saliva!
Enquanto tudo se vai passando e todas as mini-vidas vão sendo ocupadas e preenchidas, operadores de call center vão preenchendo ouvidos e disseminando informação.
Sabe-se que a porta de saída é longe e que assim, ficamo-nos pelo teclado. Passeamos a vida pelo script.
Vou ali dizer a todos que o servidor está em baixo e eu estou com(o) ele.

terça-feira, outubro 18, 2005

73º



Ninfas e Sátiro (1873) - Pintura de William-Adolphe Bouguereau

72º

Erato

Aglae ou esplendor, graça do séquito de Afrodite.
Aglae explosão de cor, tinir de cristal.
Aglae que és fragmento de deusa!

Pequena flor do ventre venusiano.

Sente-se a presença de ninfas e de segredos soprados no vento.
Sente-se o dardejar da terra revolta de misticismo.
Sente-se o derrame de uma e de outra lágrima.
Aqui e ali, sente-se uma sublime presença.

Dá-se a noite ao dia e o céu à terra para aproximar Erato.
Pintamos os corpos de rosas. Desenhamo-nos com espinhos e pétalas para o tocar da lira.
Chamo-te para o meio de nós com os dedos. Chamo a génese libidinal.
Chamam em uníssono as vozes dos que comigo replicam.
Vem-te em nós irmã de seda e cristal.
Vem definitiva e paciente para que possamos criar um só domínio.
Quebrar-se-ão as asas pedra da gárgula. Nascerá atroz fada de carne e sémen...

E por fim vive em energia. Em instinto e sensual forma.
Vive a Amável!

segunda-feira, outubro 17, 2005

71º

70º

Lágrimas de dagrão escorrem pelo chão.
As águias rejubilam!
Vermelho cor de vitória. A força mestra da glória.
Uma mancha azul que se desmancha. Lenços brancos ao vento.
O grito da águia é supremo.

sexta-feira, outubro 14, 2005

69º

"Sessenta e nove... um número... um preço... um ano... uma idade... uma vontade... Sessenta e nove... uma forma ...um desenho.. um movimento de linhas curvas... um apelo... Sessenta e nove... uma fantasia sexual... Sessenta e nove... você... eu... o prazer... Sessenta e nove vezes já fizemos 69 ...nunca igual... Sessenta e nove horas de sabor e descobertas... Sessenta e nove, o nosso... é delírio... é feito de gotas... chuva... línguas... narizes... cheiros... sabores... amor... Sessenta e nove ... "

Por: Magda Almodóvar

68º

Eclipse! Grande prostituta.
Lua, Sol, Puta.
A puta que come sem parar.
A puta que me come o riso abruptamente.
O Sol que está coberto. A puta tapou-o.
Puta! Puta! Que grande puta.
A Lua desmaiou,
ninguém que a acorde.

Puta!

67º

*#%&@! Raios! Há dias em que o melhor seria ficar pelo vale dos lençóis...

66º

Espero vir a atingir o 666º post.

quarta-feira, outubro 12, 2005

65º

Lua que mingua, que ainda assim alenta.
Sinto a lua da tua mão tocar-me para lá das minhas forças.
Derreto-me.
Sou manteiga nos teus dedos. Sol que se estende na moldura.
Beijas as minhas fontes. Bebes-me a energia.
Deslizarei nos teus lábios como orvalho.
Meu mestre e meu amante,
terra virgem.

64º

63º

Ouçam.
Conseguem ouvir?
Alguém aí?!

... Silêncio

Ninguém.
Só pedras e cobras.
Nem ratos.
Apenas baratas, aranhas... Pedras e cobras.
Ninguém.

... Silêncio

Consegues ver?
Tu aí! Sim...
Não.
Nem tu?

... Silêncio

E agora?! O que faço?
Sei quem sou mas não há nada.
Onde estou existe morte.
Fiquei algures entre mim e os outros.
Não sou uma deles. Aos olhos deles não existo.

... Silêncio

Vejo-os aos outros reflectidos.
Existem em todos os espelhos.

...

O que é isto?!
E eu?
Vejo-os reflectidos mas... e eu?
O meu reflexo não consta.

E agora?! Morri?
.
..
...
....
.....
......
....... Nunca saberei onde estava naquele dia de Março

terça-feira, outubro 11, 2005

62º

61º

Maria, meu anjo morto!
Maria, mulher assassina...
Porquê?
Nunca me dirás.
Sei que enquanto me amaste eu fui rei das almas.
Eu e tu governámos num só espírito.
Um dia fomos substância incorpórea e inteligente, alento vital...
Tu fada e eu trasgo!
Fomos líquido volátil e carne mágica.
Meu Amor!

Apreciar-te-ei à passagem de cada nuvem.
Voltarei para te cobrir com terra nova.

Maria, Amor que sombreei...

60º



Imagens em: http://inquisition.pp.ru

segunda-feira, outubro 10, 2005

59º

mortificatione/punitione sexuale
...................................................

"Que bem que sabe!" - Soltas.
Como gostas do meu falo! Minha puta suja.
Ordeno-te que sangres para mim e que abras a tua greta ao meu tronco forte.
"Abre-te querida! Quero-te a ganir. Vou espetá-lo todo em ti!" - Lanço-te.
Não tardam as explosões dentro de ti. O teu ventre húmido a arder!
Atiço-te com as minhas mãos calejadas de carniceiro. Açoito as tuas nádegas, prendo os teus seios, apresso-me para te beliscar os mamilos entumescidos. E tu... Tu aprecias os meus gestos, vibras nos meus braços e pedes que te coma.
Minha cadela gostosa! Como és estreita... Está-se muito bem dentro de ti.
Como-te como nunca ninguém te comeu. Sugo o teu néctar até caíres em êxtase.
Tu tremes enquanto deslizo pelo teu ânus. Devagar vão ser quebradas todas as tuas barreiras, todos os teus músculos.
Já tens a dor que mereces?
Talvez mais um pouco te rompa...
Agora sim! Tremes e começas a ceder. O teu rosto é uma súplica.
Vais pedir-me que te banhe de sémen. Beberás o que puderes.
Revelas-me o teu corpo finalmente caído, a extrema exaustão.
Venho-me sobre ti. Rego-te.
...

Terminei.
Posso por fim ausentar-me da tua cela.
Nua e acorrentada. Ainda te ouço um fraco gemido.
Serva imunda!
Escrava da minha mão.

sábado, outubro 08, 2005

58º

57º

Ando por aqui e trago um pedaço teu comigo. Sinto o torpor da véspera de qualquer coisa...
Sacudo o pó que tenta confundir-me e fico quieta à espera. Vou esperando...
Devagar, muito devagarinho deixo que a bruma me embale.
Começou agora a lutar contra a inércia. É um sol pouco vivo que tenta espraiar-se.
O sonho apresenta-se por fim.
Dentro da caixa escura vejo o reflexo de um passado que tentei esquecer.
Avidamente puxo uma corda. Firmo os braços para resistir à entrada de um pedaço...
Sei e soube sempre que um pedaço de ti me mutilava.
Resigno-me ao torpor e à calma decepcionante.
Lutar seria infligir-me. Tocar-me seria igualmente penalizante.
O teu pedaço quis sempre paralisar-me.
Gostarias de me ter nua e muda? Acorrentada para ti?
Querias humedecer-me à força pois odeias comungar.
Gostas assim? Gostas mais de mim solta?
Pedes-me tanto que não diga nada. Dizes que atacas como só tu sabes...
Eu rio-me perdida.
Jamais me profanarias.
O que eu sou está muito depois de um lábio, de um brinquedo teu.
Tenho espuma a deslizar sobre a pele que inflama.
Tenho sangue e saliva.
Amo-te só a ti, Pai da Noite.

56º

55º

Um clique e já está! É a força dos impulsos.
Sabe bem sentirmo-nos líderes de qualquer coisa. Seja lá o que for.
Sabe bem sentir que dominamos coisas/situações da nossa vida. Ter controlo.
Seremos donos de nós? O nosso destino pertence-nos?
Eu acredito que existe um caminho que cumprimos e no entanto acredito que podemos escolher.
Acredito na escolha múltipla! E penso também que não existe somente uma resposta.
Vivemos então num universo de perguntas para as quais podem existir múltiplas respostas.
Quem saberá qual a mais adequada?
Hum... Imagino uma estrada larga. Imagino uma estrada que por vezes estreita, que por vezes deixa de se parecer uma estrada para passar a ser um caminho reles e difícil de percorrer.
Ainda assim, cabe-me a mim escolher seguir ou não pela estrada que de algum modo sei conduzir-me ao destino que me foi desenhado.
Mas desenhado... Por quem?
Depois fico sem saber. Como não creio em Deus... Acredito na mãe natureza e na sua força. Só isso.
Fica sempre uma interrogação. Dúvidas pertinentes...

quinta-feira, outubro 06, 2005

54º

Regressei!
Ai ai! Como senti a falta destas teclas... Das palavras paridas pela ponta dos dedos! Sem elas sinto-me mais ou menos extinta.
Hoje decidi respirar fundo e chamar a mim as palavras. É a relação de amor e ódio que quero preservar pois plantei-a com as minhas garras sujas de paixão e tinta.
Por vezes penso que não seria má ideia ter um blog informativo, noticioso... Um blog interessante daqueles em que se chega lá e toca a comentar! Tipo "O governo é uma merda" e o comentário "O governo é uma merda porque prontos...", ou então, "Vivó Benfica!!!" e o comentário "SLB rula!".
Acho que dá pra perceber.
Eu gosto de conversa de café, de esquina, de retrete... Enfim, de tudo! Adoro trocar e debater ideias. Mas o meu blog pá... O meu blog é muito, muito intimo. Pois claro! Este blog não é privado porque aceita as mais variadas "incursões"... É uma intimidade partilhada!
Ih ih ih...