(...) da ashfixia à serotonina

quinta-feira, junho 29, 2006

318º

317º

Stephen Colbert - 2006 White House Correspondents Dinner

Irresistível! Absolutamente imperdível.
Nem percebo como é que a manada de republicanos foi nesta.

terça-feira, junho 27, 2006

316º

Béla Borsodi

315º

Basta-nos!

Basta-nos saber porque ouvimos a dor transversa à Terra.
Do outro lado há um espinho cravejado na planta do pé deste mundo bipolar.
Há um espinho com milhares de hectares.
Um mundo que chora na aridez dos desertos do Sul.
Além dos pântanos do coração do Norte.
Há mares de felicidade para os que a podem comprar.
E para aqueles que nascem na sombra do conflito interminável?
Na mão invisível de um mundo-mercado à luz global?
Basta-nos saber porque vivemos iluminados.
Cobre-se a nudez com guerras de mentira e sangue "justificado".
Cruel a justiça dos bons, dos claros.
Mas é de breu que se tece a teia que nos conduz pela cegueira colectiva.
A um ciclo de morte-vida, guerra-paz, preto-branco, cheio-vazio.
E um adeus em papel de jornal.
Basta-nos mudar porque podemos.
E eles que não podem porque apenas conhecem o espaço errado no tempo errado.
Um tempo que promete não se despedir.
Basta-nos olhar com olhos de ver e querer mudar.
E afinal, basta-nos usar a voz que nos foi dada ao narcermos no tempo certo e na hora exacta.
Porque a vida não deve ter preço.
Porque podemos ser pessoas ao invés de números cifrados no estermínio.
Basta-nos afirmar que gente está acima de massas.
Porque quem não conta é banido.
Basta-nos afirmar que gente é digna e igual.
E que as armas serão mais que as vidas...
Basta-nos não ignorar apenas porque é mais fácil.
E desbestializar um mundo quebrado pelas bestas que somos.
Se nos basta tão pouco para alcançar muito!
O que nos trava e nos cala um sonho que quer ser vivo?

314º

Misha Gordin

313º

Para um ilhéu que desenhaste no peito

Um oxalá profundo que vem dos pés à garganta.
Uma bandeira erguida às horas corridas a fio de lã.
Pedidos secos à janela banhada pelas estações.
Que te faço eu hoje?
Um aceno que não vês porque se cobre de vapor.
E sou eu nesse vapor.
Uma ternura que espera pelo voo inacabado.
Foste tu quem cortou os pulsos para voar?
Sabem mais os meus dedos em fuga pelo tricotado...
Havia um minuto por ti.
Oxalá um reverso das promessas que isolam.
Um aceno carregado de lágrimas cansadas.
Que te levo eu hoje?
Um retrato de ti no rio estanque.
A promessa de que não estarás interrompido pela madrugada de amanhã.
Nem regressarás no alvor vaporoso dos incensos.
Oxalá houvesses quebrado os rios que te afogavam e impediam.
Oxalá houvesses sabido cortar os pulsos e voar.

312º

Maleonn Ma

311º

Fantoches de baú

Num pacto de ferro erguem-se dois punhos de multidão.
Nasce uma ferida na ponta da espada. E assim, forja-se a veia do ódio nas investidas.
Soa o canto dos sinos no campanário.
Há castelos de gente que ardem com as gargantas ululantes. Urros pelo sangue semeado na terra humedecida.
Estás tu, Deus tenebroso a aplaudir?
Cenários medievais que se cumprem sobre o palco.
Um teatro animado por homens milimétricos...
Porque a vontade comanda as cordas e o teu riso sodomiza a raça.
Quando te esqueceres de brincar dá-lhes o fim.
Um a um, esquece tudo e começa de novo.
Talvez depois sobrem atmosferas e rios.
Mares glaciais suspensos nos teus olhos!
Mas não desfaleças.
Se partires não haverá lua nem chão. Nem fantoches encantados.
Senhor, amanhã não vai ser dia.

310º

Giovanni Gastel

309º

Canto da berma da estrada

Toca-me na pele, debaixo da neblina.
Deixa fugir os dedos para longe de mim.
Deixa contar até três e saltar.
Sabes que para lá do céu vem o mar...
O que me impede outra vez?
Toca-me dentro de ti.
Sabes que estou num canto esquecido.
Quero guardar-me para a terra.
Quero contar até três e saltar.
Sabes que para além de ti não vem nada.
O que me deixa cair?
Cala-me na pele, debaixo das chamas.
Há paixão para varrer um passsado inteiro.
Deixa os impulsos pintarem uma janela com céu.
Para lá de nós estão as feras.
O que nos fez vacilar?

domingo, junho 18, 2006

308º

Q'Orianka Waira Qoiana Kilcher

307º

O Umbigo do Infinito

Onde moram as tuas dunas, mãe, o teu ventre é o rio.
Ensina-me o caminho para o interior da terra.
Dá-me a voz das árvores no silêncio da pele.
Vejo-te quando olho para dentro de mim. Mas não sei nada.
Onde estou eu cá dentro, mãe? Que lugar este.
Ensina-me a regressar.
Vejo-te a viajar no sangue torrencial.
Também já sei abraçar a noite e ouvir a lua nas raízes do pé.
Não sei mais nada.
Quero voltar. Quero muito.
Cala-me a dor que é aguda, mãe.
Mata-me a sede no rio.
No fim, são de sal as dunas da minha febre.
O abraço crepuscular.

quarta-feira, junho 14, 2006

306º

Eis um ícone feminino: Bernie Dexter.
Uma olhadela aqui: http://www.berniedexter.com/

P.S: Não me perguntem nada! Penso que a época de frequências é que me está a dar a volta às ideias...

terça-feira, junho 13, 2006

305º

Coisas de mim

E aqui fica um pouco do kalahari. Aquele que amanhece comigo e que me doi de saudade.
Aqui está o meu amor. O que deixei mas que vive ainda, cá dentro.
Quem pisa este solo sente-se pequeno. Sente-se humano como se é de verdade.
Aqui ainda há o puro real. Um berço ameaçado pela criança desfeita.
Mas já começámos a pagar pelo que matámos. A mãe natureza é suprema e virá cobrar e desfazer o que o Homem construiu, parasita que infecta...
Por agora, partilho aqui um pouco do que pude vivenciar. Absorver pelos sentidos.
Ainda respiro por ti, África minha mãe-terra.

304º

Qual orgulho?

Com que nomes matamos pelo ódio?
Com que valores?
A honra, o orgulho, a disciplina?
Que honra existe para aqueles que são comidos e que agem cobertos pelo ódio?
Que orgulho existe numa hegemonia mentirosa, que apela aos fracos, aos que têm medos infundados, aos que falam pelo sangue?
Que disciplina existe na guerra?
Nada justifica tudo isto. Nada.
O ódio nunca trouxe mudança para melhor.
A ninguém.
Odiar trará dor e morte.
O sangue todo ele é sangue.
O sangue é A, B, AB e O. Positivo e negativo.
Não é preto, branco ou amarelo.
A carne é carne e os ossos são ossos. Humanos.
Pois eu, mais do que a minha pele, amo o mundo e o que dele faz parte.
Amo as plantas, os animais e os Homens.
Amo a vida como dom sagrado.
Não sou branca, preta ou amarela.
Sou humana e feliz.
E no meu sangue correm origens diferentes.
Uma mistura que me enriquece pela história, pelo património cultural.
Tenho África, Grécia, Portugal e uns temperos árabes.
Tenho raízes espalhadas pelo globo.
E tenho amor.
Não orgulho por isso, mas amor.
O orgulho é pelos feitos, pelas conquistas.
Podemos amar-nos, amar o nosso parente, a nossa terra.
E orgulharmo-nos pelo que temos, pelo que somos.
Para isso, não é preciso ódio.
O ódio, irmão-gémeo do amor, cega com dor, espalha cancros entre os povos, comanda fraquezas em nome de poderes que são traidores.
A supremacia para as minorias.
Porquê acreditar nela?
Porque convém. E sempre foi assim...
Lentamente, resta o fio da esperança.
Pelo amor.
Pela alegria livre dos que nascem e que são puros.
Com o tempo, a humanidade conspurca-nos. Dá-nos a comer os ódios e faz-nos espalha-los aos que vêm.
Podemos quebrar o ciclo do mal.
Destruir com amor as barreiras que nos tornam (des)humanos.
E dançar, olhos nos olhos, ao som do sangue que é humano e animal.
Partilhar, celebrar o que nos une.
Dizer adeus à dor, às armas que nos quebram e separam.
Diz-me agora: Para quê odiar?

quinta-feira, junho 08, 2006

303º

Andrzej Dragan

302º

São elas, Asmas

Um amputado expectante, sozinho às três da manhã.
Outro sem-terra nas ruas ilícitas de uma socialite incessante.
São dois gumes de uma parede de ferro em ferrugem.
A velha cadela que morde pela calada…
Histórias que se enrolam pelo mito de bairro sujo.
Tantas e tantas vidas empoeiradas, quer pelas sombras e os rouges, quer pelo lixo dos contentores, das condutas.
Imundo é um mundo verde-claro, amarelo-podre.
A asfixia da manhã acorda-me às sete.
Sem fôlego.
Desperta-se para a vida lá fora, acompanhando o bater dos ponteiros do relógio.
Há dias que se perdem no fumo, na luz mentirosa da urbe.
E se te confesso, amputado ou sem-terra, que o ódio se forja nos ossos desde cedo?
Se entala na pele e nos cabelos até ao cair das noites…
Vós, produtos deste mundo-mercado, sois todos de goma e plástico.
Se és doce é porque tens aromatizante, se te conservas sem rugas…
A cantiga já conheces.
Agora ou, se preferires amanhã, podes reciclar-te.
Um gesto tão simples.
E acaba-se com estas asmas, com o cotão que nos entope de ilusões estupidamente urbano-futuristas.
Pois são elas, alergias deste eco-sítio em ferro de ferrugem.
A porta continua lá, completamente fora de horas.

301º

De Aubrey

quinta-feira, junho 01, 2006

300º

Sobre Voo

Sobrevoar-te para sempre... Quem me dera.
Fazer parte do que poderá restar de ti.
Com prazer, todo o prazer do mundo.

Sobrevoar-te para enfrentar o papão que há em nós.
No quarto escuro à espera.
Com prazer, em silêncio máximo.

Fazer parte dos teus dedos.
Encaixar na tua mão, para sempre.
Sobrevoar-te para me absorver em ti.
Com todo o prazer que traz o vento ao pólen.
Tranporta-nos para lá deste quarteirão.

Despedi-me de ti por uma vida de papel.

Podes voltar?
Ou, simplesmente deixares sobrevoar-te.

Também quero agradecer.
Com café e pãezinhos pela manhã.
Com o corpo ansioso.

Sonhos felizes...
Enquanto dormires vou voar de mansinho.
Sobre ti.

299º

Franck Juery

298º

Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.
How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.
Storm,
In the morning light,
I feel,
No more can I say,
Frozen to myself.
I got nobody on my side,
And surely that ain't right,
Surely that ain't right.
Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.
How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.
How can it feel this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.
Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.
How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.
Portishead... Já sentia a falta.
Este blog poderá passar por um período de férias com algumas visitas da minha parte na medida do possível, claro está. Por sua vez, a autora deste blog terá um mês de muito trabalho.
Serão necessários o máximo empenho e dedicação a outras áreas da minha vida.
Aqui fica a explicação para a minha escassa presença na blogosfera quer agora, quer num futuro próximo.
Cumprimentos, etc.
E um obrigada virtualmente expresso com emoção a todos os que aqui me acompanham.